PIF : Diagnóstico Terapêutico
- Basti Medicina Felina
 - 28 de out. de 2024
 - 19 min de leitura
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE TECNOLOGIA DE CURITIBA – UNIFATEC-PR
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS
TATIANE CRISTINA CAMOLEIS
DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO DA PERITONITE INFECCIOSA FELINA:
RELATO DE CASOS
SÃO PAULO / SP
2023
2
TATIANE CRISTINA CAMOLEIS
DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO DA PERITONITE INFECCIOSA FELINA:
RELATO DE CASOS
Trabalho apresentado como requisito para
conclusão do Curso de Pós-Graduação em
Clínica Médica Felina do Centro Universitário
de Tecnologia de Curitiba – UNIFATEC-PR.
Orientadora: Profa. Dra. Cynthia Maria
Carpigiani Teixeira.
SÃO PAULO / SP
2023
3
EQUALIS – EDUCAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS
TERMO DE APROVAÇÃO DE TCC
(Trabalho de Conclusão de Curso)
TATIANE CRISTINA CAMOLEIS
DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO DA PERITONITE INFECCIOSA FELINA:
RELATO DE CASOS
Este trabalho foi avaliado pelo orientador do Curso de Pós-Graduação em Clínica
Médica de Felinos – UNIFATEC-PR e considerada aprovada com a nota 9,5
_______________________________________________
Profa Dra. Cynthia Maria Carpigiani Teixeira
Orientadora
SÃO PAULO / SP
2023
4
Dedico a todos aqueles que não consegui ou não conseguirei ajudar, embora
sempre presente tanta vontade e dedicação, mas que minha ignorância naquele
momento não permitiu. Que Deus possa conduzir-me hoje e sempre!
5
Agradecimentos
À Deus, porque Ele nos direciona. Aos meus pais e irmãos, marido Marcos, pelo
zelo aos animais. Aos eternos gatinhos que mudaram meu destino para melhor. Aos
professores, que facilitaram temas complexos. À Dra. Cynthia, pela orientação que
vai muito além deste TCC. Aos tutores que vão além, nos cuidados com seus
gatinhos. Finalmente, àqueles que trabalham com ética e respeito pela vida do
próximo.
6
RESUMO
Esse trabalho apresentou relato de casos sobre peritonite infecciosa felina (PIF)
tratados com o GS-441524. PIF é uma urgência clínica. Leva a desestabilização de
forma rápida e não responsiva a tratamento de suporte. Manifestações clínicas
inespecíficas, como anorexia, hiporexia, apatia, geofagia, êmese, náusea, diarréia,
convulsão, febre, icterícia, dispnéia, ascite, efusões, etc. Comumente, o tipo mais
clássico é PIF efusiva (úmida), mas também existe a PIF na forma não-efusiva (seca).
O diagnóstico ainda não é preciso, mas soma de achados, tanto laboratoriais quanto
imagem, e pouco correlacionada a esta enfermidade, às vezes por desconhecimento
de suas várias formas. A PIF é uma doença de alta mortalidade, e o único
medicamento curativo, GS-441524, ainda não é legalizado no Brasil. Esse trabalho
apresenta relato de casos em que se suspeitou de PIF, e sem conseguir fechar
diagnóstico (às vezes por falta de tempo x necessidade de medicar), iniciou-se o
tratamento, confirmando a partir da melhora do paciente, diagnóstico terapêutico.
Palavras-chave: GS-441524. Peritonite Infecciosa Felina. PIF.
7
ABSTRACT
This work will present case reports on Feline Infectious Peritonitis (FIP) treated with
GS-441524. FIP is a clinical emergency. It leads to rapid destabilization and is
unresponsive to supportive treatment. Nonspecific clinical manifestations such as
anorexia, hyporexia, apathy, pica, vomiting, nausea, diarrhea, seizures, fever,
jaundice, dyspnea, ascites, effusions, etc. Commonly, the most classic type is effusive
FIP (wet), but there is also non-effusive (dry) FIP. The diagnosis is still not precise, but
a combination of findings, both laboratory and imaging, and sometimes poorly
correlated with this disease, perhaps due to lack of awareness of its various forms. FIP
is a highly fatal disease, and the only curative medication, GS-441524, is not yet
legalized in Brazil. This work presents case reports where FIP was suspected, and
even without being able to confirm the diagnosis (sometimes due to lack of time versus
the need to medicate), treatment was initiated, confirming the therapeutic diagnosis
through the patient's improvement.
Keywords: FIP. Feline Infectious Peritonitis. GS-441524.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ciclo do FCoV e PIF. 17
Figura 2: Bluzinho 6 meses. 26
Figura 3: Fezes antes tratamento. 26
Figura 4: Fezes após 4 dias tratamento. 27
Figura 5: Urina antes tratamento. 27
Figura 6: Cápsulas do Mutian® (Xraphconn). 28
Figura 7: Líquido ascítico tubo maior. 28
Figura 8: com 7 meses, no final do tratamento. 29
Figura 9: Atualmente, com 1 ano e 11 meses. 29
Figura 10: Valério antes tratamento PIF. 32
Figura 11: Líquido ascítico. 32
Figura 12: No final do período de observação. 33
Figura 13: Frascos injetáveis e comprimidos GS-441524. 33
Figura 14: Atualmente, setembro 2023. 34
Figura 15: Pititi, setembro 2022, antes tratamento, déficit crescimento. 35
Figura 16: Pititi com Simão mais jovem (gatinho acima), março 2022. 35
Figura 17: Primeira dose. 36
Figura 18: Pititi atualmente, setembro 2023, com 2 anos e 3 meses. 36
Figura 19: Antes tratamento: ascite, perda de peso. 38
Figura 20: Comprimidos de 30mg usados no tratamento. 38
Figura 21: Atualmente, setembro 2023. 39
Figura 22: Negrito (circulado) ao lado da irmã, que nunca adoeceu. 39
Figura 23: Layla antes, com 1 ano e 6 meses. 41
Figura 24: Layla atualmente, setembro 2023. 41
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Biotipos do FCoV 13
Quadro 2: Fatores de risco para a doença. 14
Quadro 3: Raças puras com maior risco de PIF. 15
Quadro 4: Manifestações associadas a PIF. 18
Quadro 5: Métodos de rotina para diagnóstico. 19
Quadro 6: Detecção direta e indireta do FCoV. 20
Quadro 7: Diagnósticos diferenciais da PIF. 21
10
LISTA DE SIGLAS
A:G Relação Albumina:Globulina 19
AGP Alpha-1-glicoproteina ácida 19
FIP Feline Infectious Peritonitis 13
FCoV Coronarívus Felino 13
FECV Coronarívus Entérico Felino 13
FIPV Vírus da Peritonite Infecciosa Felina 13
GS-441524 Análogo de Nucleosídeo GS-441524 22
PAAF Punção aspirativa por agulha fina 20
PIF Peritonite Infecciosa Felina 12
RT-qPCR PCR quantitativo Real-Time 12
SAME S-adenosil-L-metionina 23
SDMA Dimetilarginina Simétrica 24
OSH OvarioSalpingoHisterectomia 24
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13
2.1 PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF) ................................................... 13
2.1.1 Etiologia .................................................................................................... 13
2.1.2 Fisiopatogenia .......................................................................................... 14
2.1.3 Epidemiologia........................................................................................... 15
2.1.4 Manifestações clínicas ............................................................................ 18
2.1.6 Tratamento ............................................................................................... 21
2.1.6.1 Vacina ............................................................................................... 21
2.1.6.2 Outros medicamentos ....................................................................... 21
2.1.6.3 Prevenção da PIF – FCoV nas fezes ................................................ 22
2.1.6.4 Tratamento da PIF com GS-441524 ................................................. 22
3 RELATO DE CASOS ........................................................................................... 25
3.1 BLUZINHO.............................................................................................. 25
3.2 VALÉRIO ................................................................................................ 30
3.3 PITITI ...................................................................................................... 34
3.4 NEGRITO ............................................................................................... 37
3.5 LAYLA .................................................................................................... 40
4 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 43
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 44
12
1 INTRODUÇÃO
A PIF (peritonite infecciosa felina) é uma doença comum em gatos domésticos,
em situação de moradia em ambientes de alta densidade populacional, eventos
estressantes, sendo mais frequente em animais jovens (THAYER et al., 2022).
Um em cada nove gatos (cerca de 12%) desenvolverá a doença PIF (ADDIE et
al., 2009).
PIF pode ser efusiva ou não-efusiva. Efusiva pode causar efusão abdominal,
torácica, ocular, etc., enquanto não-efusiva, sintomas segundo o local em que o
granuloma se desenvolve (THAYER et al., 2022).
Sinais e achados inespecíficos, que condizem também com outras
enfermidades, tornam o diagnóstico desafiante (THAYER et al., 2022).
Esse trabalho apresentou casos tratados com GS-441524, como objetivo
principal, onde se relatam sintomas, exames quando realizados, duração do
tratamento e resolução.
Também foram descritos orientações gerais sobre o GS-441524,
medicamentos contra-indicados, vias de administração, etc.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF)
2.1.1 Etiologia
A PIF não é uma inflamação do peritônio, em parte das vezes. A enfermidade
é causada pelo Coronavírus Felino (FCoV) mutado. Um vírus envelopado, que
sofrendo mutação (FIPV) desenvolve a PIF. Caso não mute (FECV), desenvolve leve
enterite auto-limitante (THAYER et al., 2022).
FCoV pertence à família do SARS-Cov2 (Covid19): Coronaviridae, mas são
taxonomicamente distantes entre si. FCoV pertence a característica
genética/antigenética α-coronavírus, e SARS-Cov2 β-coronavírus (THAYER et al.,
2022).
FIPV é RNA de cadeia positiva, espécie-específico (gatos domésticos),
deixando de ter tropismo por enterócitos e passando a ter afinidade por
monócitos/macrófagos (THAYER et al., 2022).
Dois biotipos variam em virulência, conforme Quadro 1:
Quadro 1: Biotipos do FCoV.
Fonte: Thayer et al. (2022); Pedersen et al. (2019).
14
2.1.2 Fisiopatogenia
Se supõe que o indivíduo tenha deficiência de imunidade celular: linfócitos T
em baixa população (ADDIE et al., 2009).
A infecção de monócitos/macrófagos não é suficiente para desenvolver a
doença, embora seja ponto crucial. Mutações continuam ocorrendo, ativando
monócitos/macrófagos, com gravidade segundo cada organismo (THAYER et al.,
2022), resposta imune, genética, ambiente que vive, estressores, carga viral ao qual
foi exposto, com ou sem retroviroses Imunodeficiência felina (FIV) ou Leucemia felina
(FeLV). Também segundo idade, raça, comorbidades, o que permite ser mais ou
menos suscetível.
O FECV também se replica intracelular em macrófagos, e não somente FIPV
(THAYER et al., 2022).
No Quadro 2 observamos fatores de desenvolvimento da PIF, e no 3 raças mais
predispostas.
Quadro 2: Fatores de risco para a doença.
Fonte: Thayer et al. (2022).
15
Quadro 3: Raças puras com maior risco de PIF.
Fonte: Riemer et al. (2016); Worthing et al. (2012).
2.1.3 Epidemiologia
Transmitido entre gatos domésticos, oro-fecal, forma não-mutada, conforme
ciclo demonstrado em Figura 1.
Globalmente encontrado, principalmente ambientes superlotados. Contagioso,
disseminado através de caixas compartilhadas (THAYER et al., 2022).
Transmissão transplacentária é rara, já descrita em fêmea com PIF, enquanto
prenhe. Carga viral pela saliva é baixa, e é mais comum em jovens com menos 1 ano
(70%), embora já observado acima de 17 anos (ADDIE et al., 2009).
Após contágio do FCoV, a partir de uma semana animal excreta vírus no
ambiente (ADDIE et al., 2009; THAYER et al., 2022), sendo que:
● 5% dos gatos, serão resistentes = excretação rápida ou nunca;
16
● 70 a 80% terão baixa carga viral, excreção intermitente, leve enterite,
por 2 - 3 meses, ou mais;
● 7 a 14% apresentarão forma prolongada e persistente, com altas cargas
virais excretadas no ambiente.
Altas cargas virais estão mais relacionadas com infecção aguda. Com o tempo
diminui, e aumenta com reinfecção. Gatos com menos de 1 ano são 2,5 vezes mais
suscetíveis a infecção com FCoV, e com maior carga viral que os adultos, devido
sistema imune imaturo. Altas cargas virais favorecem as mutações (THAYER et al.,
2022).
17
Figura 1: Ciclo do FCoV e PIF.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
18
2.1.4 Manifestações clínicas
80% desenvolverão enterite leve. Gatos com diarréia persistente (semanas ou
meses), tem 58% de chances de terem sido expostos ao FCoV, do que hígidos.
Assintomáticos (5%), tiveram contato com formas menos virulenta do FCoV, e demais,
entre 7-14%, desenvolverão PIF (THAYER et al., 2022).
Sinais clínicos são inespecíficos, conforme Quadro 4:
Quadro 4: Manifestações associadas a PIF.
Fonte: Thayer et al. (2022).
19
2.1.5 Diagnóstico
O diagnóstico da PIF é desafiador. Pacientes ficam debilitados não podendo
serem expostos a anestesia e biopsia (ADDIE et al., 2009). identificar o local da
biopsia, também pode ser um desafio.
O exame gold standard para PIF, é imunohistoquímica. Se identifica FCoV em
macrófagos. Mas, difícil encontrar laboratório que execute, com custo acessível.
Polimerase de Cadeia Longa quantitativo em tempo real (RT-qPCR), da
amostra fecal para FCoV, pode demonstrar cargas virais baixas em gatos que
desenolveram a PIF (PEDERSEN et al., 2019).
Nos Quadros 5 e 6, exames usados para diagnóstico, PIF e FCoV:
Quadro 5: Métodos de rotina para diagnóstico.
Fonte: Thayer et al. (2022).
20
Quadro 6: Detecção direta e indireta do FCoV.
Fonte: Thayer et al. (2022); Dunbar et al. (2018); Felten et al. (2019).
Importante excluir os diagnósticos diferenciais, conforme os que seguem:
21
Quadro 7: Diagnósticos diferenciais da PIF.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
2.1.6 Tratamento
2.1.6.1 Vacina
A vacina não é essencial. A imunidade humoral pelo estímulo vacinal é
controversa, não ajuda a impedir o desenvolvimento da doença, podendo induzir
morte precoce. Relatos dizem ser mais benéfica nos que não tiveram contato com
FCoV. E sugere-se que forte imunidade celular pelos linfócitos T (e não humoral
vacinal), impedem a PIF (ADDIE et al., 2009).
2.1.6.2 Outros medicamentos
Flavonoides: Um estudo recente demonstrou efeitos anti-virais e viricidas. Dos
16 flavonoides citotóxicos, 2 (isoginkgetina e luteolina) se mostraram inibir a
replicação de FIPV no estágio inicial (TRIRATAPIBAN et al., 2023).
Outros com potencial poderiam ser: Anisomicina, Antimicina A, Atovaquona,
Cloroquina, Conivaptano, Emetina, Gemcitabina, Homoharringtonina, Niclosamida,
22
Nitazoxanida, Oligomicina, Salinomicina, Tilorona, Valinomicina, Vismodegibe e
Ivermectina (CHENG-WEI et al., 2020).
2.1.6.3 Prevenção da PIF – FCoV nas fezes
Prevenir a infecção, segregando positivos para FCoV nas fezes dos negativos,
com RT-qPCR em três amostras intervaladas de 1 semana a 1 mês (THAYER et al.,
2022). A segregação também diminui o potencial de PIF nos suscetíveis.
Estudo em abrigos da Alemanha, constataram que nenhum local estava livre
do FCoV nas fezes (THAYER et al., 2022).
Outros estudos apontaram tratar os positivos para FCoV, ainda sem PIF. Gatos
FCoV positivo nas fezes, eram tratados, reduzindo o risco de desenvolverem PIF
(ADDIE et al., 2020; ADDIE et al., 2023), com dose de 4 mg/kg SID por apenas 4 dias.
Controles com RT-qPCR para FCoV nas fezes, eram feitos para evitar reinfecção nos
tratados (ADDIE et al., 2020).
2.1.6.4 Tratamento da PIF com GS-441524
Uma vez com PIF, o diagnóstico terapêutico é opção pela rápida resposta.
Relatos de 24 curados de 26 tratados. O tratamento inicial são de 84 dias e mais 84
dias de observação (PEDERSEN et al. 2019):
A dose (oral ou injetável), é segundo peso x sintomas:
● Medicação Oral – Mutian® (Xraphconn):
o Efusão abdominal: 100 mg/kg;
o Efusão torácica / Ocular:150 mg/kg;
o Neurológico/FIV/FELV: 200 mg/kg;
o Neurológico intermediário: 250 mg/kg;
o Neurológico severo: 300 mg/kg;
● Medicação Oral – fornecedor sem marca específica:
o Efusão abdominal: 10 mg/kg;
o Casos complexos, FIV/FeLV/neurológicos: somar 10 mg na dose
final. Exemplo: 3 kg, dever tomar 30 mg, mas se FIV/FeLV e/ou
neurológico: (10 mg * 3 kg) + 10 mg = 40 mg.
23
● Medicação Injetável – Mutian® (Xraphconn), Capella, Lucky, e outro
fornecedor sem nome específico:
o Efusão abdominal: 0,4 mL/kg;
o Efusão torácica / Ocular: 0,54 mL/kg;
o Neurológico/FIV/FELV: 0,7 mL/kg;
o Neurológico intermediário: 0,8 mL/kg;
o Neurológico severo: 0,9 a 1,1 mL/kg;
As vias de administração são oral e injetável (subcutânea).
A injetável indicada para casos necessários de resposta rápida. Mas se
recomenda não usá-la, devido reação inflamatória e dor no local aplicado,
predispondo sarcoma de aplicação. Outro motivo, somente via oral atinge de maneira
eficaz o vírus no sistema gastrointestinal (ADDIE et al., 2023).
Na forma oral, jejum de alimento 1 hora antes e 30 minutos depois, é
necessário. Também, espaçar de outros medicamentos 4 horas (antes e depois).
Durante períodos tratamento e observação, não vacinar. As cirurgias de
castração são recomendadas: estresse hormonal pode prejudicar o tratamento. Fazer
quando paciente estável (ao redor 8 semanas de tratamento). Também evitar outros
estressores citados no Quadro 2.
Tratamento de suporte se necessário. Medicamentos compatíveis e
incompatíveis foram descritos. Evitar antibióticos fluoroquinolonas, suplementos com
lisina, etc. E compatíveis os antibióticos clindamicina, doxiciclina, amoxicilina-
clavulanato, etc. Antipulgas apenas spray de Fipronil. Corticóides (prednisolona) são
recomendados no início do tratamento, removendo totalmente com desmame antes
de 4 semanas do início. Em 2017 a prednisolona começou a ser contra-indicada, por
reduzir imunidade humoral e celular, e em seu lugar, se recomenda uso de AINEs
(meloxicam) e Virbagen Ômega, por aumentar a sobrevida (ADDIE et al., 2023).
SAME é indicado se necessário, e suplementação de vitamina B12. Controle
da febre com dipirona, e dor ou estresse (das aplicações) com gabapentina. Náusea
e êmese com cloridrato de maropitant (Cerenia), vermífugos são permitidos se
necessário (VetMax Plus®, Drontal®, etc.).
A alimentação deve ser modulada nestes gatinhos que desenvolveram PIF, e
se recomenda algo mais natural e com antioxidantes (ADDIE et al., 2023).
24
Efeitos Colaterais do GS-441524:
● Relatado num caso, ureia e SDMA aumentou após 8 semanas de
tratamento, se optou por interromper o mesmo (PEDERSEN et al. 2019);
● Suspeita de alterações na dentição permanente, mas não observado em
nenhum caso (PEDERSEN et al. 2019);
● Reações inflamatória no local da aplicação, com injetável (PEDERSEN
et al. 2019);
● Linfocitose, aumento enzimas hepáticas, eosinofilia (KRENTZ et al.
2021).
Contraindicações do GS-441524, não descritas.
Prognóstico do tratamento com GS-441524: Dependendo da gravidade e
velocidade da resposta ao tratamento, cura relatada variou entre 92% a 100%
(PEDERSEN et al., 2019; KRENTZ et al., 2021).
25
3 RELATO DE CASOS
3.1 BLUZINHO
Felino, macho, SRD, inteiro, resgatado com 5 meses. Com 6 meses,
apresentou sintomas. Pesava 2 kg, não vacinado ou orquiectomizado.
Sintomas ascite, emagrecimento progressivo, icterícia. Sem perda de apetite,
fezes pastosas, normotérmico, hidratado, conforme Figuras 2, 3, 5 e 7.
Exames 03.2022: FIV/FELV negativo, teste rivalta positivo (líquido ascítico),
hematócrito 29%, leucócitos 8.000 cels./mm3
, eritrócitos 6,91 milhões/mm3
, plaquetas
200.000 mm3
, proteínas totais 7,9 g/dL (albumina 2,36 g/dL e albumina 4,7 g/dL,
relação albumina/globulina 0,5), bilirrubinas totais 1,10 mg/dL, bilirrubinas diretas 0,60
mg/dL, bilirrubinas indiretas 0,50 mg/dL, creatinina 0,97 mg/dL, ureia 27 mg/dL, GGT
5,0 u/L, ALT 62 u/L, ultrassom líquido livre abdominal.
Tratamento GS-441524 Mutian® via oral, conforme Figura 6, onde a cápsula
era aberta e conteúdo misturado com um pouco de patê, pois gato irascível.
Tratamento iniciado em 5.04.22 e finalizado 12.05.22 (duração 38 dias por restrições
financeiras), conforme Figura 8.
Fezes se normalizaram em alguns dias de tratamento, conforme Figura 4.
Icterícia gradativamente com melhora diária.
Quanto ao líquido ascítico, se optou drenar no 1o e 4o do tratamento, resultando
total drenado 170 mL. Não necessitou após, pois não causava desconforto
respiratório, e líquido diminuía com a continuidade do tratamento.
Na data, Bluzinho está com 1 ano e 11 meses, hígido, orquiectomizado após
período de observação, não vacinado. Pesa 5 kg, sem recidivas, conforme Figura 9.
26
Figura 2: Bluzinho 6 meses.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 3: Fezes antes tratamento.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
27
Figura 4: Fezes após 4 dias tratamento.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 5: Urina antes tratamento.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
28
Figura 6: Cápsulas do Mutian® (Xraphconn).
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 7: Líquido ascítico tubo maior.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
29
Figura 8: Com 7 meses, no final do tratamento.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 9: Atualmente, com 1 ano e 11 meses.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
30
3.2 VALÉRIO
Felino, macho, SRD, inteiro, resgatado da rua sintomático, com 4 anos de
idade, pesando 4,11 kg (tinha ascite), ECC 3/9, não vacinado, conforme Figura 10.
Manifestações eram ascite (Figura 11), perda peso, icterícia, 39,4o C, fezes
pastosas, FC 180 bpm, PAS 90 mmHg, glicemia 78 mg/dL, taquipneia 50 mrm,
auscultação sibilo hemitórax esquerdo, puliciose, apetite inalterado, desidratação 8%,
linfonodos poplíteos aumentados.
Alterações exames feitos antes do início do tratamento, em 07.2022: FIV FeLV
negativo, anemia normocítica normocrômica, eosinofilia discreta, leucocitose por
neutrofilia desvio a esquerda, ALT e FA normais, GGT aumentada, creatinina 0,70
mg/dL, ureia 85 mg, bilirrubinas totais aumentadas (Direta mais que Indireta - ambas
aumentadas), proteína total 6,8 g/dL (hipoalbuminêmico 0,91 g/dL). Análise citológica
da ascite: exsudato asséptico. Teste de rivalta positivo, Spec lipase pancreática felina
normal.
As suspeitas até o momento eram cardiopatias, colangites, PIF úmida. Exames
cardiológicos não feitos por restrição financeira.
Tratamento instituído focava pancreatopatia, colangites, sem melhora do
aspecto clínico, da efusão abdominal, ou da dispnéia.
O suporte instituído foi fluidoterapia com ringer lactato, analgesia com tramadol
e dipirona, agemoxi cl e metronidazol, ursacol, praziquantel (devido aumento GGT e
suspeita de platinossomose), prednisolona, suplemento de ferro, suplemento Nuxcell
Fel, fipronil, cerenia.
Quanto a ascite, no 2o dia da internação, foram drenados 260 mL, devido
desconforto respiratório evidente. Voltou a ser drenado uma quantidade similar do
abdômen (250 mL), dias após, tudo isso antes do GS-441524.
No 6o dia da internação, se optou por iniciar o GS-441524, já que ele não estava
respondendo aos tratamentos de suporte. Devido ter apenas um frasco de GS-441524
injetável disponível, se iniciou em 23.07.22 com subdose infelizmente, para que
pudesse manter o paciente sendo medicado com GS-441524 com o mesmo frasco
por 6 dias (1 mL por dia). Caso ele apresentasse discreta resposta ao GS-441524,
seria então adquirido mais, para continuidade do tratamento da PIF.
31
Foi quando se notou estabilização do peso, não mais aumentando líquido
ascítico como antes: peso após drenar 220 mL líquido no dia 23.07.22 foi 4,42 kg, e
peso no dia seguinte havia se mantido. Peso no dia 25.07.22 reduziu para 4,19 kg e
26.07.22 continuou reduzindo, chegando a 4,03 kg. Devido a isso, se adquiriu mais
GS-441524 para continuidade.
Em 27.07.22 ausculta com crepitação pulmonar, e agravamento da taquipneia.
Feito furosemida, e posteriormente, toracocentese, onde foi drenado 3 mL de líquido
de aspecto serosanguinolento de hemitórax esquerdo, e direito não drenável. Paciente
foi mantido em oxigenioterapia por 4 horas, ficando estável após isso.
O tratamento com GS-441524 se iniciou com frasco injetável de 20 mg/mL, em
23.07.22, com apenas 1 mL (subdose para o peso dele de 4,42 kg, pois o tratamento
inicial para PIF efusiva e sem sintomas mais graves, era de 0,4mL/kg). Foi mantido
assim, até a toracocentese, e devido efusão torácica confirmada, foi aumentada a
dose para 0,7 mL/kg (efusão torácica).
Por restrições financeiras, Valério se manteve em subdose, mas, com volume
maior que antes (1,5 mL).
Ainda por restrições financeiras (estava sendo feito rifas, pães, etc.), Valério
ficou sem receber injetável por dois dias, voltando assim que novo frasco chegou, em
30.07.22. A respiração continuava paradoxal ofegante. Mas ele se alimentava
normalmente, não estava prostrado. Cilindro de oxigênio era usado em momentos de
contenção gentil, para aplicação do GS-441524. Sua urina era menos ictérica, e fezes
mais firmes. Desmame da prednisolona iniciado em 5.08.22, na 12a dose GS-441524.
Em 22.08.22, ele pesava 4,74kg, sem ascite, tomando 1,6 mL GS-441524, e já na 28a
dose. Na 29a dose, foi mudado o tratamento para comprimido (40mg – dose
recomendada para o peso dele naquele momento), evitando estresse e dores dos
injetáveis, conforme Figura 13. Diferente de outros gatos tratados com injetável, ele
não apresentou reação inflamatória nos locais das aplicações.
Embora o tratamento do Valério não tenha transcorrido com dose e duração
recomendadas (fez 44 doses – finalizadas em 9.09.22), e mesmo tendo tido
prognóstico reservado no início do tratamento, quase vindo a óbito com o
agravamento da dispnéia, atualmente está em bom estado geral, sem recidivas, e
finalizou 84 dias de observação em 3.12.22, conforme Figura 12. Foi orquiectomizado
após isso, ainda não vacinado, pesa 6 kg, conforme Figura 14.
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Figura 10: Valério antes tratamento PIF.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 11: Líquido ascítico.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
33
Figura 12: No final do período de observação.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 13: Frascos injetáveis e comprimidos GS-441524.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
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Figura 14: Atualmente, setembro 2023.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
3.3 PITITI
Felino, fêmea, SRD, inteira, resgatado da rua assintomática em outubro 2021,
com 3 meses, bom estado geral e ECC 5/9, FIV e FeLV negativa.
Sintomas iniciaram com 1 ano e 3 meses, condizentes com PIF seca. Déficit de
crescimento para a idade (conforme Figuras 15 e 16), emagrecimento progressivo,
quadro agudo de êmese, diarréia, perda de apetite. Pesava 2,43 kg.
Se optou por iniciar tratamento com GS-441524 injetável (Figura 17),
prednisolona. No dia do episódio agudo, feito suplementação de B12, fluidoterapia
com ringer lactato para reposição de perdas.
Durante o tratamento apresentou alopecia, hiperalgesia e feridas no local das
injeções. Devido a isso, se optou por continuar com comprimidos.
Paciente iniciou tratamento em 12.10.22, finalizando em 05.01.23 (84 dias), e
mais 84 dias de observação. Entre a troca do injetável por comprimidos, ficou alguns
dias sem tratamento esperando nova entrega. Interrupções no tratamento contra a
PIF é ruim, pois pode promover resistência, mas por sorte, não foi o caso. Ela não
teve recidivas até a data. As feridas pelos injetáveis, não são mais perceptíveis. Após
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observação, paciente foi castrada. Ainda não vacinada. Atualmente está em bom
estado geral, com fezes firmes, pesando 3,3 kg, conforme Figura 18.
Figura 15: Pititi, setembro 2022, antes tratamento, déficit crescimento.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 16: Pititi com Simão mais jovem (gatinho acima), março 2022.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
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Figura 17: Primeira dose.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 18: Pititi atualmente, setembro 2023, com 2 anos e 3 meses.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
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3.4 NEGRITO
Felino, macho, SRD, inteiro, nasceu conosco, 4 meses no início sintomas, ECC
2/9, FIV e FeLV negativo. Sintomas eram emagrecimento progressivo, ascite, sem
êmese e diarréia, normotérmico, apetite normal. Paciente pesava 1,39 kg (com ascite),
conforme Figura 19.
Feito ultrassonografia abdominal, confirmando o líquido livre. Tratamento com
injetável iniciado em 30.07.22, finalizado com comprimidos em 01.10.22, totalizando
62 doses. Não usado prednisolona.
A efusão abdominal nunca foi drenada, pois com a continuidade do tratamento,
foi diminuindo.
Não apresentava dor durante as injeções. Não era necessário contenção para
aplicação das mesmas: apenas 1 sachê para ele ir comendo.
Paciente fez 84 dias observação, mas, recidivou após isso, em 07.23, com 1
ano e 4 meses de idade, pesando 2,5 kg. Sintomas foram icterícia (mudança da
coloração da íris de esverdeada para acobreado), fezes pastosas e enegrecida,
desidratação, emagrecimento progressivo, sem efusões. O tratamento foi retomado
com comprimidos 30mg, dia 01.08.23, conforme Figura 20. No quarto dia de
tratamento já se observou melhora da icterícia, aspecto do pelame, hidratação, e
aspecto das fezes. Atualmente, 10.09.23, está na 40a
dose, pesando 3 kg, conforme
Figuras 21 e 22. Ainda não orquiectomizado, nem vacinado. Seguirá em tratamento
até completar 84 dias, com ajuste da dose se ganhar peso.
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Figura 19: Antes tratamento: ascite, perda de peso.
Fonte: Arquivo pessoal (2022).
Figura 20: Comprimidos de 30 mg usados no tratamento.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
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Figura 21: Atualmente, setembro 2023.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
Figura 22: Negrito (circulado) ao lado da irmã, que nunca adoeceu.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
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3.5 LAYLA
Felino, fêmea, SRD, idade 1 ano e 4 meses, FIV FeLV negativo, castrada por
programada de prefeitura. Sintomas começaram 4 meses após OSH. Anteriormente,
ela andava com rigidez, principalmente membros pélvicos. Os sintomas de
emagrecimento progressivo e paralisação gradativa, começaram de maneira similar
ao relatado com irmãos da mesma ninhada, que os levaram a óbito.
Ela vivia em ONG de gatos na cidade, com outros casos de PIF
subdiagnosticados. Colega que atende a ONG, não é especialista em felinos, e
considera PIF apenas casos mais clássicos. Segundo relatos, anteriormente ela
morava dentro de gaiola para codornas, junto com mãe e irmãos, sem alimentação e
espaço adequados, mal conseguindo se levantar devido altura da gaiola.
Segundo relato, foi levada para consulta em neurologista veterinário que
prescreveu medicamentos fanciclovir (Penvir), dicloridrato de flunarizina (Vertix) e
dicloridrato de betaistina (Betaserc), além de prednisolona, com piora do quadro.
Negativou PCR para toxoplasmose.
Tetraplégica, me trouxeram-a para atendimento, em 23.04.23.
Conforme Figura 23, membros torácicos em hiperextensão e pélvicos em
flexionados, nível consciência normal, sem nistagmo (vertical/horizontal), caquética
(ECC 1/9), pesando 1,47 kg, desidratada. Fezes pastosas, apetite normal, urina
espontânea (sem auxílio de massagem vesical), hipotérmica, normotensa, com otite
externa (prurido intenso sem poder se coçar ou mover a cabeça adequadamente),
com 40erúmen de cor marrom.
Tratamento com GS-441524 iniciado, e anteriores suspensos. Prednisolona
teve dose ajustada para 2 mg/kg SID.
Hemograma de 25.04.23 com 5,87 milhões de eritrócitos, hematócrito 25,1%,
leucócitos 3,9, plaquetas 407.000, glicemia 105 mg/dL, bioquímicos de 19.04.23
creatinina 1,1 mg/dL, FA 32 UI/L, ALT 46,9 UI/L, ureia 38 mg/dL.
Paciente tratada com GS-441524 injetável, por 81 dias. Sempre demonstrou
dor durante a aplicação. Prednisolona feita nos primeiros dias, e logo desmame.
Tratamento iniciado em 23.04.23 e finalizado 12.07.23. Período de observação
iniciado em 4.10.23.
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Na data, paciente hígida, com 2,5 kg, evidente melhora do escore muscular e
corporal 5/9. Lesões dos injetáveis pouco evidentes. Reflexo de retirada em todos os
membros, com resposta mais lenta (assim como era antes). Dor profunda presente
em todos os membros. Atualmente, faz fisioterapia veterinária, e suporte nutricional
com suplementação de aminoácidos essenciais e ração super premium Royal Canin,
vitaminas do complexo B, sachês à vontade e peixes cozidos como petisco, e se
apresenta hígida e sem recidivas, conforme Figura 24.
Figura 23: Layla antes, com 1 ano e 6 meses.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
Figura 24: Layla atualmente, setembro 2023.
Fonte: Arquivo pessoal (2023).
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3 DISCUSSÃO
Se observou nos casos relatados, que a idade dos pacientes era jovem, embora
não a maioria com menos de 1 ano (ADDIE et al., 2009; THAYER et al., 2022; ADDIE
et al., 2023).
Os sintomas foram condizentes com várias outras doenças, por não ser
específicos da PIF, assim como relatado, bem como o risco de mutação e
desenvolvimento da doença, pareceu estar bastante relacionado a fatores de estresse
e ambiente multicat, conforme relatos (THAYER et al., 2022).
Embora se preconize 84 dias de tratamento, foi possível observar remissão da
doença em dias inferiores em alguns casos (PEDERSEN et al., 2019; ADDIE et al.,
2023).
O que se propôs nesse relato, de ser vantajoso o diagnóstico terapêutico, visto
que se economizou em tempo e custo com exames que não trariam o diagnóstico
definitivo no tempo necessário. O tratamento também se mostrou com rápida
resposta, e reversão da progressão da doença.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exame gold standard para identificar PIF existe, mas, conseguir executá-lo é
um desafio antes do óbito. É pouco acessível, tanto pelo tempo quanto pelo custo.
Perante a letalidade da PIF, o tratamento com GS-441524 vem sendo cada vez
mais usado pelos tutores, pelo elevado poder de cura (92% a 100%) e rápida resposta
relatados.
Futuramente, se usará o medicamento para eliminar o FCoV das fezes apenas,
não esperando o desenvolvimento da PIF, e as vantagens disso, é que o diagnóstico
de FCoV fecal já é disponível, e o custo do tratamento para apenas 5 dias é acessível
para a maioria dos tutores.
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REFERÊNCIAS
ADDIE, D.D.; BELAK S.; et al. Feline infectious peritonitis. ABCD guidelines on
prevention and management. J Feline Med Surg, 2009.
ADDIE, D.D.; BELLINI, F.; et al. Stopping Feline Coronavirus Shedding Prevented
Feline Infectious Peritonitis. Viruses, 2023.
ADDIE, D.D.; CURRAN, S.; et al. Oral Mutian®X stopped faecal feline coronavirus
shedding by naturally infected cats. Res Vet Sci., 2020.
ADDIE, D.D. Feline Infectious Peritonitis and Coronavirus website. Disponível em:
https://www.catvirus.com/. Acesso em: 01 set. 2023.
CHENG-WEI, Y.; TZU-TING, P.; et al. Repurposing old drugs as antiviral agents for
coronaviruses. Biomedical Journal, v. 43, n. 4, p. 368-374, 2020.
KRENTZ, D.; ZENGER, K.; et al. Curing Cats with Feline Infectious Peritonitis with an
Oral Multi-Component Drug Containing GS-441524. Viruses, 2021.
PEDERSEN, N.C.; PERRON, M.; et al. Efficacy and safety of the nucleoside analog
GS-441524 for treatment of cats with naturally occurring feline infectious peritonitis. J
Feline Med Surg., p. 271-281, 2019.
THAYER, V.; GOGOLSKI, S.; et al. 2022 AAFP/EveryCat Feline Infectious Peritonitis
Diagnosis Guidelines. J Feline Med Surg., p. 905-933, 2022.
TRIRATAPIBAN, C.; LUEANGARAMKUL, V.; et al. First study on in vitro antiviral and
virucidal effects of flavonoids against feline infectious peritonitis virus at the early stage
of infection. Vet World., p. 618-630, 2023.

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